quinta-feira, 14 de outubro de 2010


Em sua autobiografia “Minhas Bandeiras de Luta” (Fundação Assis Chateaubriand, 1999), João Calmon contou, em detalhes, boa parte de sua intensa trajetória de vida. O trabalho como senador da República e presidente dos Diários e Emissoras Associados permitiu que ele participasse ativamente de muitos dos momentos mais importantes da história recente do Brasil.
Uma das passagens mais interessantes dessa rica biografia – e que nunca havia sido divulgada para o grande público – envolveu a gigante americana Pepsi. Seguem abaixo alguns trechos que tratam desse assunto no livro “Minhas Bandeiras de Luta”.
“[ reunimo-nos na tarde do dia 23 [de janeiro de 1977] com o chairman of the board da Pepsi, Donald Kendall. Marido de Joan Crawford, ele era o responsável, entre outras grandes realizações, pelo ingresso da empresa na Europa Oriental, inclusive com a instalação de uma fábrica na União Soviética.”

“A conversa, foi, no geral, dirigida para a Política e para a Educação. Só mais tarde é que discutimos negócio. [...] Acabamos por examinar em termos mais concretos apenas a possibilidade de uma joint venture entre os Diários Associados e a Pepsi em torno de empresas que faziam o engarrafamento do produto no Brasil.”
No dia seguinte [24/1/1977], fomos à sede da Pepsi. A conversa não foi longa, mas pudemos chegar a uma conclusão. A proposta de Teddy [responsável pela Pepsi na área norte da América Latina] não nos interessava.”
Provavelmente, esta proposta de sociedade com os Diários Associados buscava repetir no Brasil a história de sucesso que a Pepsi havia escrito na Venezuela, onde a marca era cuidada pela família Cisneros, proprietária da maior rede de TV daquele país (Venevisión).
Como o negócio de bebidas depende fortemente de divulgação, o fato de contar com um grupo de comunicação com o alcançe dos Associados poderia ser encarado pelos executivos estadunidenses como uma garantia de sucesso para da Pepsi no Brasil.

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