sábado, 19 de julho de 2008

Bem Vindos ao mais novo espaço dedicado a Tv Tupi

by Luis Henrique Filho de Uruguaiana

Vitória Bonelli foi uma telenovela brasileira produzida pela Rede Tupi e exibida de 13 de setembro de 1972 a 14 de julho de 1973. Foi escrita e dirigida por Geraldo Vietri.
Trama
Vitória Bonelli é uma mulher firme, decidida e de grande personalidade. Por uma série de circunstâncias, fica enclausurada durante vinte anos em seu quarto, vivendo fora da realidade, num mundo particular. De repente, sai do seu refúgio para enfrentar um ambiente hostil, vivendo através dos problemas de seus quatro filhos Tiago, Mateus, Lucas e Verônica.
Vitória irá protegê-los usando toda a sua garra numa luta para vencer a depressão econômica que se abateu sobre a família.
Elenco
Berta Zemmel - Vitória Bonelli
Tony Ramos - Tiago
Carlos Alberto Riccelli - Mateus
Flamínio Fávero - Lucas
Annamaria Dias - Verônica
Norah Fontes - Mãe Ana
Carmem Monegal - Carla
Cláudia Mello - Dora
Carlos Augusto Strazzer - Wálter
Yara Lins - Madame Mercdes Moglianni
Yvan Mesquita - Moglianni
Etty Fraser - Pina
Ruthinéia de Moraes - Néia
Amilton Monteiro - Eduardo
Paulo Figueiredo - Julian
Dina Lisboa - Esmeralda
Sylvia Borges - Pérola
Leonor Navarro - Safira
Graça Mello - Carlo
Elizabeth Hartmann - Ivone
Gian Carlo - Hugo
Sérgio Galvão - Clóvis Jurandir
Marcos Plonka - Divino
Maria Viana - Maria
Clenira Michel - Dona Pura
Felipe Levy - Galante
Verônica Teijido - Hortência
Benjamin Cattan
Luís Carlos Arutim - Sanches
Walter Forster - Dr. Fontana
Raul Cortez - Jaime Bonelli
Curiosidades
Uma verdadeira obra-prima da telenovela: texto, imagem e interpretação absolutamente precisos. Um raro momento da televisão onde tudo atingiu a tônica certa.
Momentos memoráveis: alguns capítulos aconteciam com apenas dois atores em cena. Dina Lisboa interpretando a feiticeira Esmeralda. Yara Lins como Madame Modiglianni (que afirma ter imitado em sua interpretação o temperamento difícil de Vietri). Ruthinéia de Moraes criando a humilde e meiga Néia, sonhando com a felicidade. A presença de Berta Zemel em papel feito especialmente para ela. A importante participação de Raul Cortez como Jaime Bonelli, no primeiro capítulo.
A apresentação inicial relatava em monólogo o capítulo anterior. Uma novidade na época.
Todavia, o grande saldo positivo foi deixado por Tony Ramos: decididamente se afirmando como grande ator.
O autor Geraldo Vietri criou a personagem-título a partir da personalidade de sua amiga e intérprete Berta Zemel.
Nessa novela, Berta Zemel proferiu, pela primeira vez na TV, a palavra "bunda", contracenando com Tony Ramos .


Em 18 de setembro de 1950 era inaugurada a PRF-3 TV Tupy-Difusora de São Paulo, primeira emissora de televisão do Brasil e da América Latina. Iniciativa do jornalista paraibano Francisco de Assis Chateaubriand. Depois de poucos meses de treinamento, alguns radialistas escolhidos por Chatô lançaram-se à aventura de fazer TV. Os estúdios eram pequenos, o equipamento precário, mas o nascimento da TV Tupi foi solene. Assis Chateaubriand presidiu a cerinômia que contou com a participação de um frei cantor mexicano. José Mojica, que entoou "A Canção da TV", hino composto especialmente para a ocasião. Um balé de Lia Marques e declamação da poetisa Rosalina Coelho Lisboa, nomeada madrinha do "moderno equipamento" fizeram parte do show. A jovem atriz Yara Lins foi convocada especialmente para dizer o prefixo da emissora - PRF-3 - e o de uma série de rádios que transmitiam em cadeia o acontecimento.Ela iniciou dando os prefixos de todas as rádios dos Diários e Emissoras Associadas do Brasil! As do Rio de Janeiro, de São Paulo, do nordeste, de Minas Gerais, do Sul...de todas! Ela mesmo não sabia como decorou todos esses prefixos, sendo que um erro qualquer seria fatal! Os três últimos seriam "PRF-3 Rádio Difusora, São Paulo; PRG-2 Rádio Tupi, São Paulo e PRF-3 TV, São Paulo". Como entender uma televisão no meio dos prefixos de rádio? Mas, para piorar, Yara Lins não parou só nos prefixos, continuando:" - Senhoras e senhores telespectadores, boa-noite; a PRF 3 TV - Emissora Associada de São Paulo orgulhosamente apresenta, neste momento, o primeiro programa de televisão da América Latina".A seguir entrou a programação na tela dos cinco aparelhos instalados no saguão do prédio dos Diários Associados. Nos primeiros dias, a Tupi trabalhou heróicamente com uma programação das 18 às 23h. E sua antena foi instalada no alto da torre do Banco do Estado de São Paulo (atual Banespa).Há muitas histórias a respeito desse dia. Uma delas é que, empolgado, Chateaubriand teria quebrado uma garrafa de champanhe numa das duas câmeras RCA, fazendo com que a TV no Brasil entrasse em cena com apenas 500/o de sua capacidade, isto é: com apenas uma câmera. Outra é que, acabada a inauguração, a equipe se deu conta de que não havia o que colocar no ar no dia seguinte, pois ninguém havia pensado nisso. O autor de novelas Cassiano Gabus Mendes que, aos 23 anos, assumiu a direção artística da Tupi, não podia ouvir essas histórias, desmentia quantas vezes fosse preciso. "É tudo invenção do Lima Duarte. Como ele é muito engraçado, as pessoas acabam se convencendo." dizia ele pouco antes de morrer, em 1994. "Chateaubriand era um homem esclarecido, não ia danificar equipamento e tínhamos programação para as três semanas seguintes". Acostumados à improvisação e rapidez do rádio, os pioneiros não tiveram problemas em se adaptar ao moderno veículo e aprenderam muito: ator virava sonoplasta, autor dirigia, diretor entrava em cena. A TV Tupi dos primeiros anos era uma verdadeira escola. Aos poucos, os programas ganharam forma: o primeiro telejornal... a primeira novela. Uma Vida de SucessosO programa "TV de Vanguarda" revelou a primeira geração de atores, atrizes e diretores. Foram apresentadas peças como Hamlet, de Shakespeare, e Crime e Castigo, de Dostoievsky. Alguns programas dos primeiros tempos da TV Tupi tornaram-se campeões de audiência e permanência no ar: Alô Doçura, Sítio do Picapau Amarelo, O Céu é o Limite, Clube dos Artistas (que existiu de 1952 a 1980) e o famoso telejornal "O Repórter Esso" (que ficou 18 anos no ar). Telenovela foi invenção da Tupi, que as exibia em capítulos semanais e era capaz de ousadias como mostrar beijo na boca. Foi em 1951, na novela Tua Vida Me Pertence, que Vida Alves deixou-se beijar pelo galã Walter Forster. No jornalismo a emissora repetiu na tela o sucesso do Repórter Esso, que marcou época no rádio brasileiro a partir de 1941. Os locutores Heron Domingues e Gontijo Teodoro entravam no ar com as últimas noticias nacionais e internacionais ao som de um dos mais famosos prefixos musicais da história do rádio e televisão brasileiros. Se durante a primeira década de sua existência a Tupi foi líder absoluta, nos anos 60 as emissoras concorrentes aprimoraram sua programação para lutar pela audiência. Em 1960 ela passou do canal 3 para o 4, já que a TV Cultura - em sua fase associada - havia sido fundada no canal 2 e as ondas estavam uma interferindo na outra. O seu edifício sede, na R. Alfonso Bovero, 52 - também no Sumaré, onde hoje é a MTV - também havia sido inaugurado. E também a Tupi se unia as demais Emissoras Associadas e fundavam a Rede Tupi de Televisão.Em 1968, a novela "Beto Rockfeller", de Bráulio Pedroso, revoluciona a linguagem da televisão. A partir da figura de um anti-herói, surge um novo estilo de interpretação, mais natural. A TV Tupi revela mais uma geração de talentos. A morte de Assis Chateaubriand, em 1968, marca o início de uma crise longa e sem solução. Época que também vendem a TV Cultura à Fundação Padre Anchieta, ligada ao governo. Abalada por problemas financeiros, mal administrada, sem investimentos, a TV Tupi perde qualidade e audiência. Mesmo assim, em 1972 a cor chegava ao sinal da emissora, ao transmitirem a Festa da Uva de Jundiaí, com narração de Blota Júnior.Últimos anosAs emissoras concorrentes vão ocupando os espaços vazios deixados pela pioneira. Ano após ano, a crise se aprofunda. No fim dos anos 70 a situação é incontrolável. Os salários estão atrasados. Há dívidas astronômicas junto à Previdência Social. Proliferam escândalos financeiros. Em agosto de 1977, Éramos Seis. Cinderela 77 e Um Sol Maior registravam os mais baixos índices de audiência da história da Tupi. Além da audiência, a publicidade também escapolia para as concorrentes, o caixa se esvaziava, os salários deixavam de ser pagos e a greve era questão de tempo. Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, interrompida com o pagamento parcelado dos débitos. O Fim da Rede TupiOs constantes atrasos dos salários mantinham o clima tenso na Tupi. As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes. Para piorar ainda mais a situação, em outubro de 1978 um incêndio no prédio da emissora, em São Paulo, tirou a Tupi do ar por alguns minutos. No ano seguinte, o elenco de O Espantalho, de Ivani Ribeiro, processou a emissora por violação dos direitos autorais. Entre 79 e 80, nova greve. A crise chegou a Brasilia. O então presidente da República, João Figueiredo. se dispôs a receber uma comissão de dirigentes dos sindicatos envolvidos. Muito se discutia, pouco se fazia. A greve persistiu até o início de fevereiro, quando a emissora fechou seu departamento de teleteatro e dispensou 250 funcionários. Foram interrompidas as novelas "Drácula" e "Como Salvar Meu Casamento", drama estrelado por Nicete Bruno e Adriano Reis. Dezessete de julho de 1980. Pouco antes de completar 30 anos no ar, a TV Tupi tem sua concessão cassada pelo governo federal. Minutos antes do meio-dia de 18 de julho de 1980, três engenheiros do Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) subiram ao décimo andar do edifício-sede da TV Tupi de São Paulo, na avenida Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, e lacraram o transmissor da emissora. Saíam também do ar a TV Tupi do Rio, a TV Itacolomi, de Belo Horizonte, a TV Marajoara de Belém. a TV Piratini de Porto Alegre, a TV Ceará de Fortaleza, e a TV Rádio Clube de Recife. Um delegado da Polícia Federal e mais quatro agentes davam proteção aos engenheiros. Era o fim da TV Tupi. A emissora saía do ar exatamente 29 anos e dez meses depois de sua inauguração. O governo militar preferiu a cassação a entregar o canal a uma cooperativa de funcionários. Permanece, entretanto, um acervo de duzentos mil rolos de filmes, 6.100 fitas de videotape e textos de telejornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do mundo. A queda AssociadaO império dos Diários e Emissoras Associadas entrou em derrocada junto com a Rede Tupi. Os canais da Rede foram divididas pelo governo entre dois grupos: o Grupo Bloch Editores, que deu origem à Rede Manchete (1983-1999) e ao Grupo TVSBT Silvio Santos Ltda., que originaram em 1981 o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).A Revista O Cruzeiro faliu no final da década de 70, junto com vários jornais dos Associados, entre eles, os paulistanos Diário de São Paulo (Diário da Manhã, Diário da Tarde, Diário da Noite). Além dos impressos, a radiofusão também foi prejudicada. Suas históricas rádios em São Paulo foram vendidas: a Rádio Tupi FM, a Super Rádio Tupi AM (antiga PRG-2 Rádio Tupi) e a Rádio Difusora(que tinha o prefixo de PRF-3). Como São Paulo era o centro da Rede e dos Associados naquela época, tudo que aqui existia foi arrendado pelos agiotas e pelo governo, a dívida era imensa. No resto do Brasil eles continuam bem, como no caso do Rio de Janeiro, onde existem a Super Rádio Tupi AM e a Rádio Nativa FM (antiga Tupi FM); em Brasília possuem a TV Brasília - única que restou e que pertencia aos canais ligados à Rede Tupi - , o jornal Correio Braziliense; em Minas Gerais o Jornal O Estado de Minas, a TV Alterosa, entre outras propriedades na região e em todos o Brasil.A RecuperaçãoQuitada as dívidas e após relatar os prejuízos que a insituição teve, os Associados voltaram a crescer de 1980 para cá. Hoje, não conseguiram e nem mesmo cogitam a volta da Rede Tupi, porém, nas televisões que possuem e nas demais empresas o lema é manter o equilíbrio e entrar nesta nova era com o pé direito, já informatizando seus meios e entrando na era digital. Exemplo disto é o famoso provedor de Minas Gerais, o U@i , propriedade dos Associados.E abaixo, vejam como se encontra o impérios dos Associados:1) JornaisCorreio Braziliense - Brasília, DF Diário da Borborema - Campina Grande, PB Diário de Natal - Natal, RN Diário de Pernambuco - Recife, PE Diário Mercantil - Rio de Janeiro, RJ Diário da Tarde - Belo Horizonte, MG Estado de Minas - Belo Horizonte, MG Jornal do Commercio - Rio de Janeiro, RJ Monitor Campista - Campos, RJ O Imparcial - São Luiz, MA O Norte - João Pessoa, PB O Poti - Natal, RN 2) TelevisãoTV Alterosa - Belo Horizonte, MG TV Alterosa - Juiz de Fora, MGTV Alterosa - Varginha, MGTV Borborema - Campina Grande, PB TV Brasília - Brasília, DF TV Goiânia - Goiânia, GO TV Guararapes - Recife - PE TV O Norte - João Pessoa, PB3) RádioCeará Rádio Clube AM - Fortaleza, CERádio Borborema AM - Campina Grande, PB Rádio Caetés FM - Recife, PE Rádio Cariri AM - Campina Grande, PB Rádio Clube de Pernambuco AM - Recife, PE Rádio Guarani AM - Belo Horizonte, MG Rádio Guarani FM - Belo Horizonte, MG Rádio Guarani Ondas Curtas - Belo Horizonte, MG Rádio FM O Norte - João Pessoa, PB Rádio Planalto AM - Brasília, DF Rádio Poti AM - Rio de Janeiro, RJ Rádio Tupi AM - Rio de Janeiro, RJ Rádio Tupi FM - Rio de Janeiro, RJ Rádio 105 FM - Brasília, DF 4) Vídeo e InformáticaAssociados.Com - Brasília, DF (site oficial)Alterosa Cine Vídeo - Belo Horizonte, MGEM Data - Belo Horizonte, MG Uai - Belo Horizonte, MGZAZ BSB - Brasília, DF ZAZ REC - Recife, PE 5) Agência de NotíciasMeridional - Brasília, DF 6) FundaçõesFundação Assis Chateaubriand, DF7) Outras atividadesTeatro Alterosa - Belo Horizonte, MG EM Empreendimentos Ltda - Belo Horizonte, MG Fazenda Manga - Alto Médio São Francisco, MG Cia. Imobiliária do Rio de Janeiro (URCA), RJ

"Data de Publicação: 01/02/1980"A televisão nas mãos do povoManhã de quinta-feira, 17 de julho de 1980, Cassino da Urca, sede da Tupi carioca. Titos Belline, superintendente de programação da TV e um dos funcionários, procurou José Arrabal, diretor de empresa pedindo permissão para os funcionários colocassem no ar um apelo contra o fechamento da emissora. Arrabal concordou que o apelo fosse feito no programa Aqui, agora. Mas, assim que o programa começou, o diretor tirou-o do ar , pondo em seu lugar um anúncio. Quase houve um conflito dentro do Cassino da Urca. Pressionado, Arrabal resolveu ir para casa e a emissora ficou na mão dos funcionários. Eram três da tarde. Os trezentos funcionários reuniram-se no palco do estúdio e começaram a transmitir seus protestos para todo o Rio de Janeiro. Carlos Lima e Jorge Perlingeiro, um dos apresentadores que comandavam seu próprio espaço na programação da emissora, lideravam os funcionários. Começava uma vigília que os funcionários pretendiam manter até que o Dentel determinasse a lacração dos transmissores. As três câmeras da Tupi carioca foram oferecidas para quem quisesse registrar seu protesto. O primeiro telespectador a manifestar-se foi Antonio Cassua, 62 anos, aposentado. Ele propôs ao povo que comprasse ações da Tupi para ajudar os funcionários. "Perguntei à minha mulher se ela compraria uma ação da Tupi por mil cruzeiros ela disse que sim. Perguntei ao vizinho, ao quitandeiro e todos disseram que sim. Então resolvi trazer aqui a minha idéia." Vários artistas foram à Urca prestar solidariedade. Jô Soares acompanhado da belíssima Silvia Bandeira passou por lá, Juca Chaves propôs que a concessão do canal fosse dada aos artistas. O comediante Costinha foi fazer uma saudação e um apelo ao presente: : "Sr. João Goulart...", começou ele. Depois garantiu que não foi piada. Fora erro mesmo. O velho capitão Asa ressurgiu das cinzas, pedindo às "crianças" que o assistiam há vinte anos que apoiassem o pessoal da Tupi. Um antigo fã subiu ao palco e começou a chorar. Aproximou-se do microfone e sussurrou: "Eu amo a Tupi".Às onze e meia da noite da quinta-feira, Carlos Lima manteve uma conversa telefônica no ar, com o ministro das Comunicações, Haroldo Correa de Mattos. Um trecho do diálogo:Lima: A TV amanhã sairá do ar?Mattos: Qual a solução que você oferece?Lima: A passagem do controle da emissora para os funcionários.Mattos: Não posso oferecer nada. É preciso dar tempo ao tempo.Logo depois, uma ligação inesperada que também foi ao ar. O jornalista Milton Coelho da Graça ligou de O Globo para ler um telex que seria publicado no dia seguinte. Era uma entrevista com o ministro da Comunicação Social, Said Farhat, em que ele admitia a hipótese de estudar a concessão do canal, a titulo precaríssimo, aos funcionários, depois de lacrados os transmissores, enquanto a solução definitiva não viesse. Milton explicou que telefonaria a pedido do próprio Roberto Marinho, proprietário de O Globo e da TV Globo. Palmas e mais palmas para Marinho. No ar na Tupi.O desfile de artistas continuava. Clóvis Bornay, Ney Latorraca, Jerry Adriani passaram pelo palco da Urca. Quando aos apelos para que o presidente Figueiredo desistisse de declarar a perempção, improvisava-se. Carlos Lima leu texto enquanto eram projetadas imagens da visita do papa. Fernando Chateaubriand, filho do velho senador, lançava apelos patéticos ao presidente: "Em nome da amizade que unia os nossos pais peço que entregue as estações aos funcionários para que eles façam a segunda maior rede do país".Preces e apelosGilberto Marinho, que representava o falcão Negro na Tupi carioca – em São Paulo o papel era feito por José Parisi -, fazia discursos inflamados. "Estou consternado com a situação dos funcionários, vitimas da irresponsabilidade e da desonestidade dos condôminos", clamava ele. De vez em quando, um anuncio ia para o ar. Ou então um cameraman focalizava algum colega que chorava descontroladamente. Um pastor protestante puxou uma oração e foi aplaudido. À meia noite todos rezaram de mãos dadas. Uma rede de radioamadores cariocas começou a transmitir para Brasília sugestões para que o governo revisse sua decisão. Horas antes, até um ajudante de ordens do presidente da republica telefonou. Era o capitão Getúlio. Ele ouviu apelo de Carlos Lima para que interferisse junto ao presidente. Infelizmente Figueiredo estava em reunião e não pode ser incomodado. Apesar das conversas oficiais, tratava-se, sem duvida, de um raro momento em que o povo estava com uma estação de televisão ao alcance de suas mãos. Vivia-se, apesar de tudo, um clima bem diferente do de São Paulo. Em São Paulo, os funcionários que estavam em greve e os que insistiram em permanecer trabalhando criaram um divisor de águas difícil de ser superado. Embora tinha havido manifestações de boa vontade entre as partes, depois que a emissora paulista saiu do ar, os grevistas de última hora relutaram em comparecer às assembléias no sindicato dos radialistas. A começar pelos diretores como o ex-galã Walter Foster -, sobre os quais os grevistas concentravam toda a sua ira. Eles, ao que tudo indica, ficariam de fora do empréstimo de 40 milhões concedido pela Caixa que provavelmente começará a ser distribuído a partir desta terça-feira, 22 de julho de 1980.Aluízio Maranhão"Revista Istoé 23/7/1980"